29/03/2013

O significado da Páscoa

Vivemos agora uma experiência de quarenta dias chamada de Quaresma que é um tempo litúrgico no qual a Igreja se prepara para quarenta dias de orações, jejuns, penitência, e muita reflexão que nos aponta uma melhor maneira de celebrarmos logo após a grande festa da Ressurreição, também conhecida por Páscoa.
 
A quaresma inicia-se sempre logo após a liturgia de quarta-feira de cinzas, quando termina o carnaval. Já é de praxe na Igreja Católica no Brasil, a liturgia quaresmal sempre vem sendo celebrada entrelaçada com o tema da Campanha da Fraternidade que nesse ano nos favorece com a temática “Fraternidade e Juventude”. Essa campanha chama atenção para os desafios dos jovens na edificação do projeto de Deus, dentro do contexto de mudança de época. É notório perceber que é através da juventude que poderemos transformar a sociedade atual, para que no futuro tenhamos traços de uma sociedade comprometida com a humanidade responsável.
 
A caminhada do povo de Deus, durante 40 anos pelo deserto, teve Moisés como guia de uma jornada marcada por angústia, medo, cansaço, provações, assim também como pela fé em um Deus que falava apenas a um homem escolhido dentre os seus e que trazia como mérito para essa nação escolhida um lugar onde jorraria leite e mel, um paraíso na terra.
 
Há alguns dias a Igreja Católica Apostólica Romana, que continuamente faz o percurso nesse deserto em busca da terra prometida, vivenciou temporariamente a ausência do Pastor que guia seu rebanho pelos desertos da vida em busca de água e alimento. A renúncia do Papa Bento XVI se deu quando menos imaginávamos. Havia chegado a hora de descansar e de entregar o rebanho a outro Pastor que com mais vitalidade deve assumir o compromisso de guiar as ovelhas de Cristo por esse deserto tão assustador que podemos assim comparar o mundo mais que moderno.
 
Vendo que as forças não eram suficientes e as limitações se faziam companheira, o Papa Bento XVI renuncia por amor à Igreja de Jesus Cristo, deixando abertas as porta de um novo Conclave para ser eleito, segundo o Espírito Santo de Deus, um novo Pastor que dará continuidade a jornada que é entregar a Deus todas as ovelhas confiadas durante a travessia no deserto.
 
O Espírito Santo não abandonou sua Igreja, mesmo vacante, a serenidade não se fez ausente, pois as palavras de Jesus Cristo ecoam no coração dos fiéis “Tu és Pedro e sobre ti edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão sobre ela”. As palavras de Jesus tranquilizam os inúmeros fiéis que atentamente se mantiveram em oração e vigília, no aguardo no novo sucessor de Pedro, eleito pelos cardeais no dia 13 de março, fazendo da Praça de São Pedro em Roma um local do deserto onde o povo escolhido de Deus fazia do momento vacante um descansar e ao tempo uma espera do novo “Moises” que mostraria a direção a seguir. Nessa espera ansiosa eis que Deus escolhe entre os seus cardeais um Papa Latino Americano que se intitula de Francisco, fazendo referência a São Francisco de Assis – santo popular que traz nos traços da sua história uma predileção especial pelos pobres. É sempre Deus escolhendo aquele que continuará a caminhada nas estradas rumo à Terra prometida.
 
O clima quaresmal de jejuns e muita oração e penitência permite um maior elo entre a espera da grande celebração da páscoa como também da chegada do novo Papa Francisco que no sábado de aleluia, durante a liturgia santa, anunciará que o Cristo Filho de Deus ressuscitou e venceu a morte por amor a nós e que um dia ressuscitaremos com Ele.
 
Nessa grande celebração da Páscoa, somos nós quem convocados a celebrar a vida. Não a vida impregnada nos vícios e na passividade da paz, e sim buscarmos todos juntos celebrá-la, transformando-a num mundo melhor onde as pessoas possam expressar o amor e o respeito uns para com os outros transformando essa cultura de violência e de competitividade numa realidade de respeito e mútua solidariedade entres as pessoas. Páscoa significa mudança, passagem de uma vida velha para uma nova vida cujos erros são deixados para trás e as boas mudanças ganham destaque nas cenas de nossa vida.  A páscoa nos convida à confissão, ao arrependimento dos pecados e a busca incansável de mudança, principalmente dentro das nossas famílias, onde são gerados os futuros continuadores da história da vida. Não permitamos que a páscoa passe por nós sem que haja uma autêntica mudança de vida. É tempo, é a hora de buscarmos ser criaturas comprometidas com o Criador: Deus!
 
Feliz páscoa a todos.

Fonte: Pe. Paulo Cesar de Lima Andrelino

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