Muitos acreditam que a criação do Dia Internacional da Mulher tenha surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca de 130 operárias morreram carbonizadas. O incidente foi, sem dúvidas, um marco na luta das mulheres no século passado, mas a história nos mostra que outros eventos, datados do final do século XIX, foram ainda mais importantes para o nascimento do Dia Internacional da Mulher.
Em 2017, o real significado do ‘8 de março’ voltou à sua essência. A data foi marcada por manifestações em quase todo o planeta com a Greve Internacional das Mulheres e contou com a paralisação das atividades profissionais e também do trabalho doméstico feminino em pelo menos 55 países. A Faculdade Paraíso do Ceará não poderia deixar de seguir a tendência mundial. A Semana da Mulher na FAP reservou momentos para debatermos acerca das dificuldades vivenciadas, ainda, por mulheres de todo o mundo e celebrarmos, com ponderação, os avanços conquistados até aqui.
Palestras foram ministradas ao longo da semana para falar, entre outros temas, a respeito das mulheres na construção civil. Os debates contaram com a presença das coordenadoras dos cursos de Engenharia Civil e Arquitetura e Urbanismo, Sofia Leão e Carol Cevada, da professora Anielle dos Santos, a engenheira Sammia de Lima e as alunas Amanda Ramile e Hévila Ribeiro. As profissionais falaram sobre o preconceito que as mulheres ainda sofrem e trouxeram dados da atuação da feminina no Cariri.
Tradicionalismo, resistência e machismo foram as palavras-chave da primeira noite. Uma das questões fortemente abordadas também foi a disparidade salarial entre homens e mulheres exercendo a mesma função. Segundo dados da pesquisa realizada pela Catho, divulgada no último dia 7, as empresas ainda pagam menos para mulheres em todos os cargos.
Fechamos a semana com o Sarau Jurídico sob o tema: “Mulher – Diálogo sobre Poder, Política e Igualdade”, com a proposta de refletir sobre o espaço da mulher na sociedade. O evento contou com a participação dos professores Regio Quirino, Lígia Casimiro, Patrícia Vieira e Priscila Jerônimo. A professora Lígia lembrou do caso “Dandara”, a travesti assassinada cruelmente no Ceará. “Era uma mulher na alma, ela se via como uma mulher e isso incomodava os homens”, disse a profissional. Ela ainda falou sobre a importância da igualdade entre os gêneros.
“As mulheres têm um papel fundamental, não porque são mais suaves, mais serenas ou embelezam espaços, não é por isso. Queremos sim, continuar sendo vistas como belas, inteligentes, nada recatadas. Nós precisamos estar nos espaços para que o olhar feminino possa compor com o olhar masculino para que a gente possa ter uma perspectiva de futuro com mais igualdade social”, concluiu Lígia.
As atividades realizadas nessa última semana serviram de estímulo para as meninas, frases como “não tenha medo de ser quem você quiser” e “briguem pelo seu espaço” foram enfatizadas por diversas vezes nas palestras.
VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
O debate sobre a luta pela igualdade de gênero não deve ficar restrito apenas ao dia 8 de março. A oportunidade de diálogo se faz necessária em nossa sociedade durante todo o ano. Um dos malefícios do desvio de olhar para essa causa é a violência contra a mulher. A professora e idealizadora do Grupo de Gênero, Geração e Direito da FAP, Priscila Jerônimo, afirma que as estatísticas da nossa região são alarmantes. “Os números de violência doméstica que observamos no Brasil, sobretudo na nossa região, de acordo com dados do Juizado da Violência da Família e da Mulher, que é nosso parceiro, são altíssimos, pois apenas no ano de 2016, 1.709 mulheres solicitaram medidas protetivas contra os companheiros, ou seja, mais de 140 por mês. É por isso que necessitamos de tal debate na comunidade acadêmica, para que os futuros profissionais observem esses problemas, reflitam e vejam que isso não é um problema particular, mas sim um problema social e que este precisa do empenho de todos para ser solucionado”, concluiu a docente.
FAP, compromisso com você.
